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A Formiga Guardiã

e o Peixe Dourado

(E você, já se achou em seu papel?)

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"Dizem que quando nos deparamos com um grande e antigo formigueiro, é sinal que suas formigas aprenderam a reconhecer a importância de seu papel. 

E, para aqueles que escolheram a margem do rio para erigir sua morada, sua sobrevivência depende especialmente do trabalho da Formiga Guardiã.

Como tudo na Natureza, a Formiga Guardiã reconhece, assim que nasce, a sua missão. 

Agraciada pelo dom de falar com as águas, seu ofício é garantir a coexistência, para que o mesmo rio que nutre não destrua o castelo de suas irmãs.

Um dia, guardando as margens de sua morada, a Formiga Guardiã observou no rio uma estranha correnteza.

 

Como de praxe, a formiga aproximou-se para averiguar a origem desse movimento que vinha perturbar o equilíbrio de suas águas. Logo percebeu que aquela correnteza não vinha do fluxo natural do rio, mas era impelida por um mar de barbatanas que nadava obstinadamente para uma mesma direção. 

 

À frente, guiando o imenso cardume, destacava-se um belíssimo animal. Era o Peixe Dourado, o Rei dos Rios.

A formiga observou que os peixes carregavam consigo pedaços de conchas, pequenas pedrinhas ou galhos coletados do fundo do rio. Preocupada se este inusitado movimento ofereceria risco ao seu formigueiro, a Formiga Guardiã aproximou-se da margem chamando para perto o rei dos peixes.

Mas quando o Peixe Dourado emergiu das águas para a margem, a Formiga Guardiã pôde entender, afinal, porque era ele chamado de Rei dos Rios.

 

O brilho de suas escamas era tão majestoso que dizia-se ter sido concedido pelo próprio astro rei, o Sol. 

Quando perguntou ao lindo Peixe Dourado de que se tratava aquele movimento, a Formiga Guardiã ouviu um relato que saltou-lhe os olhos:

O Rei dos rios coordenava a construção de um imenso castelo no exato ponto onde a água doce se fundia ao mar. Este serviria de abrigo a todos os seres, dos rios e mares, para que nenhuma tormenta das águas ou da terra oferecesse risco à vida daqueles que lá habitavam.

Deslumbrada com a beleza do peixe e sua grandiosa missão, a Formiga Guardiã passou a assistir, dia após dia, o desenrolar de sua empreitada. Seu ofício, que outrora exercia com grande devoção, de repente tornara-se sem graça e insignificante diante do majestoso Rei dos Rios. 

Então, um belo dia, a Formiga Rainha que tudo sente, veio às margens conversar com sua importante súdita. E, percebendo o equívoco de sua visão, disse-lhe ternamente: 

    – A vida não se divide em grandes ou pequenas missões, minha cara, mas sim em missões únicas. E todas elas, indistintamente, são valiosas e necessárias. Você, Formiga Guardiã, é tão grandiosa quanto o Peixe Dourado, mas desde que esteja à serviço de sua verdadeira missão, que é guardar as margens do rio.

Mas o aviso da Rainha não contentou a Formiga Guardiã. Ela estava por demais fechada no deslumbre de sua nova paixão.

Então, certo dia, a formiga carregou para as margens o que julgava ser seu grande trunfo: a pedra mais resistente que se havia conhecimento existir na terra. Nela, residia o segredo da engenharia das formigas para que seus castelos se mantivessem firmes, mesmo diante das tormentas da natureza. Certamente assim o Peixe Dourado enxergaria o seu valor! 

Assim, quando viu o cardume cortando o rio, a Formiga Guardiã prontamente jogou sua pedra e em seguida saltou em direção às águas para alcançá-la. Mas antes que chegasse a tocar a pedra que serviria-lhe de embarcação, uma corrente de vento gentilmente soprou a formiga de volta à margem.

Revoltada com a audácia do Vento, a Formiga Guardiã marchou de volta ao formigueiro e buscou uma nova pedra. Mas desta vez, maquinava, saltaria com ela firmemente atada às suas costas para que o Vento não ousasse soprá-la.

Ela estava certa; desta vez o vento não a impediu.

 

E foi assim que a Formiga Guardiã foi carregada para o fundo do rio, soterrada pela pedra que julgava ser seu maior poder. 

O formigueiro, que outrora guardava com seu especial dom de falar com as águas, agora, sem a sua guardiã das margens, cedia à forte correnteza dos peixes.

Que não nos deixemos levar pela aparência, Cavaleiro, pois aquele pequeno castelo que ascende do chão esconde sob as entranhas da terra uma grandiosa morada. E então o rio, que começara engolindo a terra, era agora soterrado por ela. 

E foi assim que a pequena Formiga Guardiã enterrou a grandiosa missão do Rei dos Rios. Tudo por negar-se a enxergar a grandiosidade que ela própria guardava". 

 

(Das Páginas do livro "O Cavaleiro e as Almas Perdidas" de M.S).

 

 

Triste fim da Formiga Guardiã, não é? Que ela nos sirva de lição:

 

Na valsa do ego humano, meu caro leitor, se permitirmos nossa mente vagar, estaremos sempre oscilando entre os complexos de superioridade e inferioridade. Quando, na verdade, na Natureza cada Parte ocupa uma função igualmente necessária para o equilíbrio do Todo.

Não se deixe iludir! O equilíbrio do seu entorno depende de você encontrar o seu lugar único. Ele é onde você se sente em paz. Encontre-o e o honre! 

Obrigada por ler. Com amor para seus dias doces, 

Mary Sweet.

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